26 abril, 2011

Enlevo



Eu olho você grande e distante
e da sua grandeza me comovo
e da sua distância me revolto.

Olho de novo.
Procuro reter em minhas mãos
sua figura mas ela gesticula,
oscila e cresce
e numa inconstância distraída
no instante exato
por trás da vida desaparece.

Um desacato.
Do meu desaponto eu me levanto
pra levar embora outro desencanto
mas você me divisa e então me chama.
Me aguarda, reclama
e me convida e minha vida
nessa ansiedade por fim entrego.
E nesse amor feito de espuma
colorida nós flutuamos:
você borbulha,
eu escorrego,
ensaboados,
você explode,
eu me desintegro.

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